domingo, 23 de maio de 2010

Visita ao posto.

FERRAZ DE VASCONCELOS, 27 DE ABRIL DE 2010
Ofício 001/2010

À Secretaria de Saúde
Ref.
Relatório de visita à UBS Jardim Castelo.

Venho apresentar o relatório de visita à Unidade Básica de Saúde situada à Rua Miguel Dib Jorge, 147 Jardim Castelo, referente ao dia 19 de abril de 2010, a fim de que seja apreciado pela Secretaria da Saúde de Ferraz de Vasconcelos, São Paulo.
Constam do relatório todas as reclamações feitas por mães, moradoras do Jardim Yone, acompanhadas pela Pastoral da Criança e que precisam recorrer ao serviço de saúde no PSF do Jardim Castelo. Reclamações estas, sustentadas pela coordenadora da Pastoral da Criança no bairro, Dona Célia.
Vejamos:
Reclamações:
1. Não agenda-se consulta para a mesma data se as duas crianças forem da mesma mãe.
2. Prioridade para crianças menores de 1(um) ano.
3. Demora de até 1(um) mês e quinze dias para a consulta
4. Demora de 1(um) mês a 45(quarenta e cinco) dias para entrega de resultado de exames.

Verificação:
Diante disso, enquanto moradora do bairro e Articuladora de Saúde da Pastoral da Criança, verifiquei pessoalmente junto às atendentes a veracidade e procedência das reclamações. As informações que obtive com funcionários do PSF, condizem totalmente com as reclamações das mães.

Justificativa:

A justificativa para tal situação é que, diante da falta de pediatra, elas, atendentes, têm que regular a oferta de vaga, que são apenas 5(cinco) por semana. O PSF, destinados aos moradores do Jardim Yone, não tem pediatra já a algum tempo, sendo estes atendidos pelos médicos da UBS, com uma oferta mínima de vagas, como já citado acima. A situação agravou-se ainda mais depois da demissão da Pediatra Dr. Fernanda(UBS), no final de 2009. Até o dia (19/04/2010) em que fiz esta verificação não havia previsão para novos agendamentos, pois a Dr. Ruth está cumprindo aviso prévio.

Proposta:
De acordo com o direito reconhecido pela Constituição Federal artigo 204 inciso II, aproveito a oportunidade deste, para propor a implantação de uma UBS no bairro JardimYone. Com a vinda de uma Unidade Básica de Saúde para o bairro, a comunidade local e as outras vizinhas ao Jardim Yone, teria melhorias significativas na qualidade de vida.

Pois sabemos que a população é pobre financeiramente, e uma mãe que tem quase sempre mais de uma criança, tem que caminhar até o Jardim Castelo à procura de atendimento básico de saúde. Como já vimos ela não vai conseguir marcar consulta para os dois filhos, tendo assim que recorrer ao Hospital Regional Doutor Osires Florindo Coelho ou o Pronto Atendimento Infantil do Parque São Francisco. Situação de sofrimento para quem tem pouco ou quase nada de recurso para pagar condução.
Considerando que um posto de saúde presta atendimento básico no Sistema Único de Saúde(SUS), este deve estar perto de quem precisa e direcionado às necessidade da comunidade.

Conclusão:
A Pastoral da Criança acompanha mensalmente mais de 80(oitenta) crianças no Jardim Yone, preocupando-se não só com a qualidade de vida destas, bem como de toda a família. Conhecemos as necessidades da comunidade, por isso queremos contribuir para trazer qualidade de vida aos moradores, e a vinda de uma UBS, seria fundamental para que isso ocorra.
Enquanto isto não se concretiza, pedimos que a falta de médicos para o PSF seja solucionado o mais rápido possível, e que os moradores do Jardin Yone tenham os mesmos números de vagas que são disponibilizadas para os usuários da UBS.

Diante do exposto, fico no aguado de uma pronta resposta aos anseios da comunidade.

Por fim, solicito que se houverem divergências ou concordâncias quanto a esta manifestação, que seja formal e escrita.
Cordialmente,

Ferraz de Vasconcelos, São Paulo, 27 de abril de 2010.
Dulciléia da Silva Oliveira
Articuladora de Saúde da Pastoral da Criança
Paróquia Nossa Senhora da Paz

Dulce.

domingo, 16 de maio de 2010

Voltando.

Estou de volta.
Na verdade nunca estive ausente, continuo com o trabalho de Articuladora em Saúde.
Estou enfrentando dificuldades para obter os dados dos óbitos, por isso não postei o relatório das minhas visitas.
Nesse meio tempo, fiz a prova para LÍDER da Pastoral da Criança e passei. Agora também sou Líder e estou inscrita no Livro de Ouro da Pastoral.
Continuo acompanhando as reuniões do Conselho Municipal de Saúde e fazendo reclamações e sugestôes para a melhoria do atendimento nas UBS.
Dulce.

sábado, 8 de maio de 2010

MÃE SUFICIENTEMENTE BOA


Uma mãe suficientemente boa (Winnicott) tendo em conta as diferenças individuais, deve preencher os seguintes requisitos:



• Ser provedora das necessidades básicas do filho ( sobrevivencia fisica, e psiquica: alimentos, agasalhos, calor, amor, contacto fisico, etc.)


• Exercer a função de para-excitação dos estimulos que o ego imaturo do bebé não consegue processar pela sua natural imaturidade neurofisiológica. É vulgar ver mães sem saberem fazer quando um bebé esta carregado de estimulos e chora muito. Ou abanam a criança até á exaustão, ou ignoram-na deixando-a á sua sorte num choro sem fim. Bastava um pouco de calma e contenção e algum colo que desse protecção.


• Possibilitar uma simbiose adequada: as sensações corporais acima referidas adquirem na criança uma dimensão enorme. A mãe deve emprestar o seu corpo á criança e assim dar sentido a essas sensações possibilitando o "encaixe" dos corpos de ambos, o que se traduz na forma como a mãe pega na criança quando cuida dela para a alimentar, cuidar da higiene etc.


• Compreender e descodificar a arcaica linguagem do bebé. O bebé comunica através do choro. Chora quando quer comer, quando tem dores, quando está com frio ou calor, quando tem as fraldas sujas. Cabe á mãe descodificar esta linguagem. Quando a mãe baralha tudo e alimenta quando não tem fome, agasalha quando tem calor, está a criar confusão mental ( mundo da psicose) abrindo a porta para a doença.


• Ser uma presença continuada que " entende e atende" as necessidades básicas do bébe, o que lhe vai proporcionar um senso de continuidade, baseada na prazerosa sensação de que ela " continua a existir"

CUIDADO




A falta de tempo, me tornou ausente, mas lendo uma revista  encontrei um texto muito interessante sobre cuidado, e na véspera do dia das mães nada melhor do que essa palavra para expressar o sentimento materno que torna-se sublime na relação afetiva entre mãe e filho, onde o cuidado expresso pelo amor representa a transformação do caráter transfigurado pela rejeição já desde de o momento da gestação.

Rejeição essa do próprio mundo mecanizado, frio e insensível as necessidades internas humanas, principalmente das crianças;

"...O cuidado significa uma relação amorosa com a realidade. Importa um investimento de zelo, desvelo, solicitude, atenção e proteção para com aquilo que tem valor e interesse para nós.Tudo o que amamos também cuidamos e vice-versa. Pelo fato de sentirmo-nos envolvidos e comprometidos com o que cuidamos, cuidado comporta também preocupação e inquietação.


O cuidado constitui a plataforma real que possibilita as demais dimensões do humano emergirem. Sem ele não guardariam sua característica humana. Martin Heidegger em seu Ser e Tempo dedica alguns dos mais profundos parágrafos a essa visão do cuidado essencial, como a natureza concreta do ser humano no mundo com os outros. Devido à sua essencialidade, dizia Horácio, o poeta romano, o cuidado nos acompanha como uma sombra ao largo de toda a vida. Tudo aquilo que fizermos com cuidado significa uma força contra a entropia, contra o desgaste, pois prolongamos a vida e melhoramos as relações com a realidade.

A crise da cultura mundial reside na falta de cuidado, falta clamorosa no tratamento das crianças e dos idosos dos eco-sistemas, das relações sociais e de nossa própria profundidade. É o cuidado que salvará o amor, a vida e nosso esplendoroso planeta Terra.

Na Carta da Terra, documento elaborado ao longo de 8 anos,  por Prof. Vanderlei Carraro – Regente.